Raposinha Triste. Lembro que, na minha infância, havia na varanda de um casarão do bairro, três araras empoleiradas em grandes aros de aço. Faziam um barulho ensurdecedor quando passava alguém na rua.
Outra casa, em outra rua, tinha um bicho preguiça que não saía do galho de uma árvore no jardim (tá, às vezes ele ia abraçado no pescoço do dono até a padaria, na hora de maior movimento). Era uma das atrações do bairro.
Havia uma outra casa, com duas arvorezinhas no jardim, com plaquinhas de madeira, escrito: “pau brasil”.
Já o nosso vizinho, criava uma Seriema cega de um olho (alguma criança perversa deu uma pedrada de estilingue), que vivia voando pelos telhados das casas, e passeando pelos quintais (às vezes eu me assustava com o tamanho dela, que era grande como uma ema). Era um bichinho exótico e muito dócil.
Meu irmão tinha um camaleão, e eu tinha um papagaio. Os dois viviam livres: um no pé de carambola, o outro no pé de abacate. Meu papagaio, que se chamava Louronildo , tinha uma casinha no pé de carambola, e comia muitas sementes de girassóis (até fiz uma plantaçãozinha para ele). Comia carambola também, quer dizer, abria a fruta e comia só as sementes. De vez em quando ele dava um voo rasante para dentro de casa, e pousava em cima da televisão, justo na hora em que meus pais assistiam o programa do “tio” Silvio…hehehehe
Mas a lembrança mais triste que tenho, é a de uma raposinha magra, que ficava presa, amarrada a uma árvore por uma corda no pescoço. A corda era tão curta, que ela só podia dar alguns passinhos. Eu ficava triste toda vez que passava e via ela lá… Era uma raposinha-do-campo, canídeo nativo do Brasil.
O dono sempre falava para as pessoas não se aproximarem, pois ela era “muito perigosa”. Na minha infância não tinha punição para quem maltratasse os animais.
O dono sempre falava para as pessoas não se aproximarem, pois ela era “muito perigosa”. Na minha infância não tinha punição para quem maltratasse os animais.
Se tinha, eu desconhecia….
das memórias boas e não-boas que levamos na memória, no peito e na ponta do lápis...
ResponderExcluirAguarde, tem muito mais na ponta do lápis! :^)
Excluirmal posso esperar <3
ResponderExcluirAquela estória linda e feia, só pra doer o coração :,(
ResponderExcluirA lembrança dela ainda dói, Amilton.
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